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terça-feira, 1 de maio de 2012

Conto em Pedaços


UM CONTO EM PEDAÇOS. = Um dia como tantos
Hoje acordei mais cedo. Olhei a minha volta e vi as mesmas paredes, a mesma mobília. Saí á janela e até o ar parecia parado.Meus dois cachorrinhos Speed e Bambino, estavam brigando, aliás, brigaram a noite toda e acho isso muito estranho, porque eles brincam o tempo todo.Vivem um para o outro .Num momento de impaciência, abri o portão e deixei que um deles fosse para a rua. Logo me arrependi porque o que apanhava dele, chorava tanto, que acho que ele preferia apanhar a ficar sozinho.Procurei agrada-lo, ofereci os quitutes mais gostosos, aqueles que ele engolia inteiro para não dividir com o outro,mas ele recusou. Na realidade, eu não sei bem o que fazer com o Speed. Eu o criei desde bebê, passeava com ele só no quarteirão, para que ele não aprendesse ir mais longe,caso fugisse mas com o passar do tempo, ele não me deixava mais tirar-lhe a coleira quando voltava para casa. Ameaçava me agredir e também posteriormente, quando ia colocar sua coleira.
Foi ficando impossível sair com ele. Até mesmo para ir ao veterinário.Para tomar banho...,
Não sei mais lidar com ele.Enquanto o Bambino  é dócil em tudo, mas “sujinho faz” caca “  em qualquer lugar, muito diferente  um do outro “acho que é por isso que se completam”.
Os gritos uivantes do Bambino foi me angustiando. Eu também comecei a sentir uma saudade muito grande, um aperto no peito, uma vontade de chorar, ainda mais porque estou medicando o Speed e hoje de manhã ele estava com algo estranho na boca,parecia machucada, mas não deixava eu olhar,  então me sentia covarde em despedi-lo, por incapacidade minha de fazer alguma coisa. Era fácil me livrar dele. Difícil era viver na sua ausência.  Eu, que já sinto a ausência de tantas pessoas, tantos entes queridos que já não voltarão a viver. São tantas as ausências e tantas as perdas, apesar das pessoas acharem que minha vida é uma grande conquista.
Recorri a São Francisco de Assis, protetor dos animaizinhos. Já fiz isso de outra vez e deu
certo. Realmente, é um grande Santo.  Ei-lo que late ao portão. Seja bem vindo, Speed.
Não sei bem se era só a minha lágrima que corria, pois vejo-a também nos olhos de Bambino. Agora é só festa.  Sinto-me feliz e mais leve .
No entanto, o que fazer com eles? Já percebi que a separação me magoa demais. É preciso podar um pouco minhas raízes. Quero ver o sol nascer de um outro horizonte. Quero me procurar, me encontrar, quero poder sair das grades que protegem esta casa sombria, cheia de recordações, de risos abafados pelo tempo, de alegrias embaladas em caixas de ferramentas. De lembranças de um tempo que eu era feliz e não sabia. É preciso que eu encontre a coragem de me ausentar de mim. Ainda que, abrindo mão desses laços afetivos que ainda me restam: meus cachorrinhos e  esta casa deserta. Resta também a possibilidade de um dia poder voltar, e me esquecer para trás.









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